Diretoria de Serviço Geográfico

Restauração de Marco Geodésico do DEN, no Nordeste, implantado durante a 2ª GM”

A história do 3ºCentro de Geoinformação tem origem em feitos desbravadores ocorridos durante a 2ªGuerra Mundial.

No período em que o Brasil enfrentava os problemas oriundos do grande conflito, o Serviço Geográfico Militar enviou ao Nordeste Brasileiro, em 1941, mais especificamente para as cidades de Recife-PE, João Pessoa-PB e Natal-RN, o Destacamento Especial do Nordeste (DEN). Um ano depois, esses três Estados integrariam o Saliente Nordestino, um dos cinco Teatros de Operações no País, com a Zona de Guerra criada pelo decreto 10.940-A, de 25 de setembro de 1942.

O Saliente Nordestino era uma região estratégica, pois abrangia a Base Aérea de Parnamirim-RN, cedida aos americanos. Dessa forma, era uma ponte aérea militar americana: Natal – Dakar, que foi essencial para a conquista Aliada do Norte da África e do oriente Médio e, consequentemente, invasão da Europa.

O DEN, comandado pelo então TC Djalma Poly Coelho, era composto por oficiais e alunos do Curso de Geodésia da Escola Técnica do Exército, atual Instituto Militar de Engenharia (IME); por militares da então 1ª Divisão de Levantamento (Porto Alegre-RS); e por 6 (seis) Primeiros-Tenentes da Reserva, possuidores do Curso Complementar da Escola de Engenheiros Geógrafos Militares.

Trabalhos de campo do DEN, chefiado pelo TC Djalma Poly Coelho (primeiro da esquerda).

A missão precípua daquele Destacamento era realizar uma triangulação geodésica, que serviria de base ao levantamento aerofotogramétrico da região nordeste, em atendimento às necessidades estratégicas ocasionadas pelo conflito. No entanto, como um subproduto, o Destacamento realizou ainda a medição do Arco Meridiano do Nordeste, situado na parte mais Oriental do Continente Americano. Com os resultados obtidos, o DEN forneceu ao Serviço Geográfico Militar, elementos subsidiários para utilização em projetos futuros, pois, até então, só se usava como base o Arco do Peru, remedido em 1899-1900 pelo Serviço Geográfico do Exército Francês.

Triangulação e marcos rastreados pelo DEN entre 1941 e 1944, contida no Livro .

À frente do DEN, plenamente dedicado às missões na região nordeste, o Ten Cel Poly Coelho executou aerolevantamentos rápidos e progressivos, de modo que a tropa encarregada da defesa da região pudesse dispor de informações cartográficas atualizadas e mais detalhadas. No total foram realizadas 77 missões de voo, tomadas 7.923 fotografias aéreas, cobrindo uma área de 38.165 Km². As primeiras Cartas na escala 1:50.000 foram utilizadas pelas tropas da 7ª Região Militar, já em 1942. A 7ª Divisão de Infantaria (7ª DI) foi articulada como 1º Escalão das Forças da 7ª RM, abrangendo os Estados de Pernambuco e Alagoas. A 14ª Divisão de Infantaria (14ª DI), também foi articulada como 1º Escalão das Forças da 7ª RM, entretanto, abrangendo os Estados da Paraíba e Rio Grande do Norte.

Em 1944, o DEN concluía a impressão das folhas topográficas provisórias do litoral nordestino e o lançamento de uma triangulação de alta precisão, capaz de assegurar o apoio geodésico na grande extensão Norte-Sul da área de levantamento. Desta forma, após concluídas suas missões, foi extinto o Destacamento Especial do Nordeste.

Com o intuito de manter viva a história do DEN e a importância do mapeamento realizado para a proteção e vigilância do Saliente Nordestino, o 3º CGEO georreferenciou o Esquema da Triangulação de 1ª Ordem do Nordeste e elaborou um mapa temático atualizado para possibilitar reavivar alguns marcos históricos implantados pelo DEN no período da grande guerra.

A partir desse esforço, foi possível iniciar uma jornada para localizar e recuperar os marcos que perduraram ao tempo e à expansão urbana. O primeiro marco encontrado que foi possível realizar o trabalho de recuperação, identificação e rastreamento foi o Vértice nº 05, denominado Serra Azul. O referido vértice encontra-se no município de Riachuelo-RN, dentro de uma propriedade privada.

O 3º CGEO continua imbuído na missão de resgatar suas origens históricas e documentar os marcos erguidos no passado, de forma a continuar contando sua história e sua presença ininterrupta em acontecimentos valorosos ao Brasil.

Mapear! Nobre missão!